Resolvi escrever um pequeno diário sobre a mais extraordinária
Viagem que fiz com a minha irmã de Coração. Acho que só assim poderei
transparecer todo o misto de emoções que esta viagem nos trouxe.
Dia 1#
Finalmente tinha chegado o dia da
prometida aventura de duas semanas no Quénia. Vacinas tomadas, passaporte
renovado, repelente na mala, tudo pronto para partirmos à aventura.
Lá fomos nós de mochila às costas, como
duas exploradoras que se preparavam para redescobrir o mundo. O coração
batia acelerado com a expetativa contida por meses, em que se planejou cada dia
como se já lá estivéssemos. De frisar que todo o planeamento foi essencialmente
elaborado pela Patrícia, que entre muitas qualidades tem a capacidade invejável
de organizar viagens a um preço bastante inferior ao das conhecidas agências de
Viagem. Fomos por conta própria e também por conta e risco, mas foi isso que
tornou ainda mais excitante esta jornada: o suspense do que nos esperava. Foi
confiar no destino e deixar-nos ir.
A aventura começou mal entrámos no
aeroporto de Schiphol de rumo a Nairobi. Nunca tinha andado tantas horas de
avião e um arrepio percorria-me a espinha num sentimento que se debatia entre a
excitação e o medo. Fico sempre apreensiva antes de cada viajem, mas
quando o voo estabiliza após a descolagem digo para mim mesma que o que tiver de
acontecer acontece e nada mais posso fazer se não desfrutar da viagem. Comprei
um livro no aeroporto, Misery do Stephen King, uma escolha estranha para a
viajem que iria fazer, mas foi o livro que mais me chamou a atenção do leque disponível.
Como sempre levava um bloco de notas e uma caneta. Tudo em prol do
entretenimento de todas aquelas horas de voo que me esperavam. E claro a minha
compincha de viajem e amiga de toda a vida encarregou-se de arranjar
almofadas de ar caso nos apetecesse cochilar um pouco.
Entrámos naquele avião intercontinental
gingantíssimo e procurámos o nosso lugar. À nossa espera estavam duas cadeiras
com uma manta e uns headsets para a TV incorporada na cadeira da frente.
Acomodámo-nos e lá esperámos ansiosamente pela descolagem. Pareceu-me uma
eternidade aquela viagem. Para meu grande azar a TV não funcionava, entrevi-me
então entre a leitura e o cochilar.
Finalmente chegámos a Nairobi e à nossa
espera estava um guia da agência de Safaris com uma placa com o nosso nome.
Devo confessar que ambas estávamos um quanto ou tanto receosas, pois foi tudo
organizado à distância e hoje em dia nunca se sabe as vigarices que por aí
andam. Embora tenha existido da nossa parte uma investigação prévia e cuidada
dos reviews no Travel Advisor sobre a agência, bem como comentários da guest
list do site oficial e página do Facebook, os receios estavam latentes.
Apresentámo-nos e desconfiadas lá entrámos no carro, que nos levou até ao Hotel
onde iríamos pernoitar antes da partida para o Safari. Era um senhor
bastante simpático e comunicativo. No nosso melhor inglês retribuímos a
simpatia. Mais tarde foi-nos buscar para visitarmos o orfanato de Elefantes de
Nairobi. A minha primeira impressão de Nairobi não foi a melhor, não esperava
que existisse tanto trânsito com filas e filas de carros. Estão a imaginar a
Marginal às 8 horas da manhã? O trânsito era o triplo do caos comparando com
uma manhã lisboeta. Uma cidade no seu verdadeiro conceito. De repente
olho para um dos sinais de trânsito e eis que percebo que ao invés dos pombos
que estamos habituados a ver em Lisboa que se empoleiram nos sinais, avisto
dois abutres que vigiavam atentamente as ruas. Achei verdadeiramente fascinante
o antagonismo.
Visitámos então o orfanato, onde os
turistas se depositavam em círculo para assistir à vinda dos elefantes. O que
me reconfortou naquele espetáculo, em que consistia essencialmente na
alimentação dos elefantes, era que o dinheiro iria reverter a favor da
manutenção daquela reserva. Fiquei feliz por saber que existe uma verdadeira
preocupação na conservação da espécie e recuperação para serem devolvidos
novamente ao seu habitat natural.
De seguida fomos ao Langata Giraffe Centre, perto de
Nairoibi, onde os turistas têm a possibilidade de subir a uma espécie de torre
e alimentar as Girafas. Confesso que foi a medo que coloquei a minha mão para
alimentar aquele animal gigantesco. Sentir aquela língua rugosa na vossa mão é
algo estranho, mas venci o meu medo e alimentei a “pequena”.
Estas duas visitas eram apenas o prelúdio do que nos esperava,
doravante seriam observações dignas da BBC Vida Selvagem ou quase isso. O espírito da aventura subia-nos pelas veias e ansiávamos por começar a nossa expedição
nas reservas naturais, de estar em contacto com a natureza selvagem e de sentir
a força contagiante daquele solo.
Após um longo dia chegara o tempo de
descansar para de manhã bem cedo iniciar a aventura nas reservas naturais do
Quénia, pernoitar em tendas e percorrer as savanas. Quem é que conseguiria
dormir? Acordámos com o crepúsculo e de olheiras em bico, e fomos ter com o
Peter, o guia que nos iria acompanhar durante aquela primeira semana.
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